Decididos a licenciar a qualquer custo o projeto do Autódromo do Rio na Floresta do Camboatá, Governo Estadual prepara alteração normativa em meio à Pandemia do Coronavírus para afastar participação social da Avaliação de Impacto Ambiental
O Governo Witzel não esconde suas nebulosas intenções de atropelar os procedimentos legais do Licenciamento Ambiental para garantir a implantação de um projeto que elimina o último fragmento florestal localizado na planície da Zona Oeste. Trata-se de área com pouco mais de 200 hectares, com 57% de cobertura lenhosa (115 hectares), dos quais 20 hectares são de Mata Atlântica nativa madura em estágio clímax e 67 hectares em estágio avançado de regeneração, com o restante em estágios médio e inicial. Essa floresta abriga espécies da fauna e da flora raras e ameaçadas de extinção, e presta importantes serviços ecossistemas para a região de Deodoro e entornos. A Zona Oeste do Rio de Janeiro tem o registro das temperaturas mais elevadas do Município, baixa arborização, altas taxas de ocupação humana e escassez de áreas de lazer.
No dia 14/03, o INEA publicou aviso de cancelamento da realização da Audiência Pública para análise do EIA/RIMA do projeto - que se daria no dia 18/03, tendo em vista a publicação do Decreto Estadual nº 46.970, de 13 de março de 2020, que suspendia todos os eventos públicos previstos para os 15 dias seguintes, em função do avanço da disseminação do COVID-19.
No entanto, recebi no dia 16/03 informações de fontes seguras de que havia chegado ordem pessoal do Governador Witzel para que o INEA mantivesse a data da Audiência, descumprindo seu próprio decreto. Testemunhei o momento no qual o aviso de cancelamento da Audiência foi apagado do site do INEA, substituído em seguida pela notícia de que a Audiência de fato ocorreria em 18/03. Denunciei nas redes sociais, assim como a parlamentares e aos coordenadores do Movimento SOS Floresta do Camboatá que, por sua vez, comunicaram ao MPE - que imediatamente notificou o INEA com a recomendação de manutenção do cancelamento, sob pena das devidas responsabilizações legais.
O INEA acolheu a recomendação do MPE e republicou o anúncio do cancelamento (veja mais na matéria publicada na Revista Piauí).
Em nova tentativa de desviar processo de avaliação do EIA/RIMA, Governo planeja modificar legislação para realizar Audiência Virtual
As relações de dirigentes da área ambiental com os empresários da Rio Motorpark configuram tipicamente a violação do princípios da impessoalidade e da imparcialidade da Administração Pública. Elas demonstram que o Governo e seus órgãos ambientais não possuem o necessário distanciamento do projeto que assegure uma análise imparcial, contaminando os processos com o vício de uma análise que previamente já está comprometida com sua aprovação.
Pois bem, enquanto a sociedade vive o drama do Coronavírus,
o grupo acima está trabalhando com muito empenho para aprovar o projeto. Porém,
de forma ardilosa, violando a ordem jurídica
em prejuízo da sociedade.
A mais nova estratégia
do grupo é a aprovação de uma alteração normativa, em meio à Pandemia, que
permita seguir com o projeto enquanto todos estão atentos aos efeitos fatais da
proliferação do Coronavírus.
O Secretário
Estadual do Ambiente, Altineu Côrtes, pretende convocar reunião do Conselho
Estadual do Ambiente - CONEMA para o dia 02 de abril, com uma única pauta a ser
discutida: a alteração da Resolução CONEMA nº 35/2011 - que dispõe sobre a
realização de Audiências Públicas no Licenciamento Ambiental no Estado do Rio
de Janeiro. Como permanecem proibidas as reuniões presenciais no Estado,
pretende-se fazer uma reunião virtual do CONEMA - fato inédito na sua história,
especialmente em se tratando de um projeto que não tem qualquer representação
emergencial.
A proposta do
Governo, se aprovada, permitirá que a Audiência Pública do projeto do
Autódromo seja realizada sem público, em ambiente virtual, literalmente
desvirtuando o objetivo das Audiências Públicas - que é de permitir que a
sociedade se reúna com as equipes do empreendedor e do órgão ambiental, com
assessoramento de profissionais variados ligados a Universidades, órgãos de
classe e organizações comunitárias e ambientalistas, para um confronto sadio de
ideias, a fim de avaliar o projeto e suas alternativas.
Há, realmente,
interesses muito poderosos por trás desse projeto, eis que sequer a
tragédia de uma Pandemia mundial - que já atinge gravemente a cidade e o estado
do Rio de Janeiro - segura a ganância de devastar uma floresta de mais de 200 hectares para
aferir lucros em detrimento das garantias de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, passando por cima de tudo e de todos.
Abaixo, a minuta do
Projeto de Resolução CONEMA que pretende consagrar formalmente plenos poderes
para o governo controlar a participação social nos
processos de Licenciamento Ambiental no Rio de Janeiro.
Parabéns pelo seu trabalho em prol do meio ambiente fiscalizando essas falcatruas,e ao MPF agindo. Que o faça novamente buicando anular essa convocação. urgentemente, esperando-se da justiça do RJ, justiça.
ResponderExcluirObrigado! Temos que ficar atentos às intenções obscuras presentes no atual comando da pasta ambiental estadual e de seu governador. E o MP tem sido bem atuante nessa tarefa.
ExcluirUm abraço,
Um absurdo esse projeto! Derrubar 200 mil árvores em prol de um Autódromo é um crime ambiental sem proporção. Querer fazer isso na marra sem garantir a participação da sociedade é anti democrático e anti constitucional. Atitudes como essa mostram a ganância dos politicos que só pensam no próprio bolso ao invés de pensarem no bem comum. É o privado em primeiro lugar é o público em último.
ResponderExcluirExatamente, Juliana!
ExcluirIgnoram solenemente os efeitos negativos de suas ações pela cegueira da ganância.
Ou ficamos atentos, ou passam o trator por cima de tudo e de todos.
Witzel sendo Witzel, o que falar sobre o governador? Quer o Estado "enxuto" e os bolsos dele cheios. Nojo de gente oportunista.
ResponderExcluirConcordo com você. Nojo também!
ExcluirDescalabro!!!!
ResponderExcluirTotal descalabro. Mas estamos atentos e fiscalizando.
ExcluirDescalabro!!!
ResponderExcluirGrata por sua atuação. É muito triste ver o desrespeito sem limites aos cidadãos do Rio de Janeiro! Espero que o Camboatá sobreviva em prol da sobrevivência da população, já tão massacrada ao longo de tantos anos . . .
ResponderExcluirTem muita gente bacana atuando pra evitar que esse projeto derrube milhares de árvores numa área já bastante árida!
ExcluirAgradeço por seu comenário.
Vamos resistir!
Parabéns pela iniciativa de cuidar da nos a área Florestal em Deodoro poderiam era transformar em um parque florestal
ResponderExcluirExatamente! Pela Lei Orgânica e o Plano Diretor, essa área tem status de unidade de conservação. Mas o ideal mesmo é tranformá-la em Parque Natural Municipal.
ExcluirMas primeiro, temos que jogar o Autódromo para outro lugar.
O trânsito nesta área já é um caos, certamente vai ficar pior. A mobilidade urbana será notadamente prejudicada,população da baixada e zona oeste sofrerão bastante nos deslocamentos para o trabalho.
ResponderExcluirEsse é um dos problemas que o projeto poderá causar. Apenas um deles. Há ainda vários outros. A relação custo-benefício é bastante negativa.
ExcluirCom todo Respeito aos cariocas pois minha esposa é carioca, o governador do meu estado de São Paulo também não está muito longe desse LIXO só querem pensar em sua imagem publica e que se dane a população, esses dois estão matandos os dois Estados deixando o povo sem o que comer fazendo com o que o povo fique com medo por conta do virus e não faz um pronunciamento dizendo sobre irá ajudar a população e sim querem estar com seus bolsos cheios de dinheiro BANDO DE VAGABUNDOS...
ResponderExcluirÉ, meu caro! Estamos bem mal representados nos dois estados. Mas foram essas as escolhas da maior parte da parcela de eleitores. A questão, então, é fiscalizar e denunciar os desvios até que venham novas eleições.
ExcluirIsso é uma situação absurda, totalmente contra o que a ciência mos mostra:a importancia das áreas verdes para o bem estar físico e psicológico. Derrubar esse remanescente florestal é um crime, é roubar direitos de uma população já muito sacrificada e sem acesso à áreas verdes.
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