Problemas da UPP que não aparecem na propaganda eleitoral
Policiais classificados no Jardim Batan, desde o dia 27 de abril de 2010, revelaram que há cinco meses uma grande parte deles (49) está sem receber a gratificação de R$ 500,00, que deveria ser paga mensalmente a cada Policial lotado na UPP, acrescida do valor das refeições fora do quartel, que gira em torno de R$162,00, dificultando bastante seu almoço. A denúncia foi feita ao candidato a deputado estadual Rogério Rocco, na última quinta-feira, quando esteve em Queimados, em campanha, para que fosse encaminhada ao candidato a governador, Fernando Gabeira.
“Esse dinheiro faz muita falta para nós, e ninguém nunca sabe explicar o porque de não estarmos recebendo; o comandante da UPP nunca dá uma resposta concreta”, contaram os policiais que pediram para não ser identificados por motivos óbvios. Eles também afirmaram que policiais da UPP da Cidade de Deus estão na mesma situação, embora não saibam precisar quantos. Informaram que os 49 do Batan vieram do 20º BPM e consideram um número alto, uma vez que a comunidade conta com a proteção de um efetivo de aproximadamente 110 policiais militares.
Indignados com a situação, os policiais revelaram que também estão sendo obrigados a ir ao 14º BPM, em Bangu, buscar o armamento para poder trabalhar e que o fazem com os próprios carros. “Isso nos expõe a um enorme perigo, pois passamos em frente a inúmeras favelas no trajeto e se alguma fatalidade acontecer nesse caminho, nós temos a certeza de que nossas famílias vão ficar desamparadas, pois isso não está certo”, alegaram, temendo que as famílias percam o direito à indenização. “Disponibilizar viaturas para irmos nos armar deveria ser obrigação do Estado, já que o armamento não está onde realmente deveríamos pegar que é no Batan”, ponderaram. E reclamaram ainda de que também estão indo para o trabalho com seus carros particulares.
Inconformados com o descaso do governador Sérgio Cabral “que é o primeiro a falar da UPP como solução e não vê a situação de uma parte da tropa que é a base desse trabalho”, os policiais buscam uma interlocução que os ajude a obter melhores condições de trabalho e a não ter que procurar outras atividades para complementar suas rendas. “Infelizmente isso tudo obriga muitos colegas a fazer segurança, vender roupas, cestas básicas etc”, argumentaram.
Rogério reconhece que as UPPs são um primeiro passo dado em direção a uma cidade mais segura e mais justa com a população das comunidades periféricas, mas defende um aprimoramento rigoroso do projeto, entendendo como premissa básica a valorização dos policiais. “Para que as UPPs tragam de fato a paz e a segurança que todos almejamos é preciso concluir corretamente cada etapa. E o investimento nas polícias, através de cursos de capacitação e remuneração adequada, além das decentes condições de trabalho, é um dos fatores preponderantes nesse processo”, acredita.
Rogério já encaminhou as denúncias para o candidato a governador pelo PV, Gabeira.