Assessor da Presidência da Petrobras Distribuidora vai às redes sociais
fazer xingamentos e acusações a meu respeito por causa da matéria sobre o
assassinato dos pescadores na Baía de Guanabara
Foi, no mínimo,
destemperado o comentário do Sr. José Augusto de Gois , assessor da presidência
da Petrobras Distribuidora, ao tratar o texto sobre o assassinato de dois
pescadores ocorrido recentemente na Baía de Guanabara, publicado aqui no Blog
no dia 7 de julho. Ao me chamar de
“irresponsável, leviano e mentiroso e de estar acusando a Petrobras sem provas”
o Sr. Gois revela, pela deselegância e desinformação, o despreparo da direção
da empresa em lidar com os conflitos socioambientais oriundos de seus
empreendimentos.
Não é de surpreender,
afinal revelei com exclusividade aqui no meu Blog o plano para a exoneração do
Chefe da APA de Guapimirim, o Analista Ambiental Breno Herrera, pelo fato de
manter a posição adotada pelo IBAMA/ICMBio de não permitir a utilização dos
rios da APA para o transporte de cargas pesadas para o COMPERJ. Não se pode
afirmar que era um plano da empresa, mas sabemos o quanto seus dirigentes vêm
insistindo em derrubar essa condicionante do licenciamento para superar sua
grande incapacidade de cumprir os prazos assumidos para o início da operação do
complexo petroquímico.
Recomendo ao Sr. Gois a
leitura de dois textos que abordam a questão dos conflitos socioambientais
gerados pela Petrobras e sua associação com os assassinatos que muito se
identificam com a minha opinião, um assinado por Carlos Tautz e outro da OAB,
cujo link está na matéria publicada anteriormente, que tanto incomodou a BR
Distribuidora. Reproduzo aqui parte do texto do jornalista Tautz, que é Coordenador
do Instituto Mais Democracia – Transparência e Controle cidadão sobre governos
e empresas, que foi publicado no Blog do NOBLAT (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/07/25/o-barao-de-maua-os-pescadores-ameacados-no-rio-por-carlos-tautz-457053.asp):
“Barão de Mauá,
inaugurou a primeira estrada de ferro construída no Brasil. Ligava o Porto de
Estrela, na praia de Mauá, município de Magé (RJ), no fundo da Baía da
Guanabara, à localidade de Raiz da Serra, numa cerimônia que teve a presença de
D. Pedro II.
Hoje, 158 anos
depois, a mesma praia é palco de luta tão heróica quanto à de Mauá. A poucos
metros do porto de Estrela, criminosamente abandonado e isolado da sociedade
pela empresa GDK, a serviço da Petrobras na construção do complexo petroquímico
Comperj, está a minúscula sede da Ahomar.
Esta associação de
pescadores teve quatro de seus membros assassinados desde 2010 (Almir e Pituca
há apenas um mês). Seu presidente, Alexandre Anderson, vive sob escolta da PM,
a mando do Programa de Proteção de Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH).
O ‘crime’ dos pescadores artesanais, e que está na
raiz dos assassinatos, foi protestar contra o vazamento, pela Petrobras, de 1,3
milhões de litros de óleo em 2000 e de resistir à implantação do Comperj.”
Aproveito a
oportunidade para convidar a direção da BR Distribuidora para participar da
audiência pública que acontece no próximo dia 1º de agosto, na Câmara Municipal,
que tratará da pesca no Rio de Janeiro. Será um ótimo momento para a Petrobras
colocar os seus argumentos de forma equilibrada e convincente. Seria importante
saber o que a Petrobras vem fazendo para compensar os danos que causa ao meio
ambiente e à pesca artesanal na Baía de Guanabara e quais medidas adotou para
investigar o hipotético envolvimento de suas contratadas nas ocorrências de
morte dos membros da Associação Homens do Mar.
Não me surpreendo com a
reação da presidência da empresa com relação ao meu Blog. Afinal, como
superintendente do IBAMA/RJ e coordenador regional do ICMBio fiz questão de
acompanhar de perto os grandes empreendimentos em nosso estado, com a convicção
de que eles deveriam ser os melhores exemplos quanto às questões ambientais e
sociais. Porém, há dirigentes e gestores dessas empresas que pensam e agem
exatamente ao contrário, convictos de que o que fazem é em nome do “crescimento
do país”.
Como dirigente dos
órgãos ambientais, sempre me coloquei ao lado dos pescadores. Estabelecemos uma
série de condições ao licenciamento ambiental do COMPERJ para a proteção do
meio ambiente - que a Petrobras tenta anular na atualidade - como a
inviolabilidade dos manguezais da Baía de Guanabara. Fui a única autoridade
ambiental a ter coragem de embargar a TKCSA por irregularidades ambientais. No
ICMBio, embargamos a BR Distribuidora por irregularidades na operação de dutos
no interior da Reserva Biológica do Tinguá, em Nova Iguaçu. E ainda relatei o
desconhecimento geral quanto às medidas adotadas pela Petrobras para a
reparação dos danos causados no acidente na Baía de Guanabara no ano de 2000.
Enfim, imagino que por esses motivos, quando Marina Silva saiu do Ministério do
Meio Ambiente, eu fui exonerado do IBAMA.
Porém, as perguntas
continuam no ar: O que a Petrobras fez como compensação pelo acidente de 2000
na Baía de Guanabara? O que a Petrobras pretende fazer com relação aos seus
três dutos que operam sem licença ambiental dentro da Reserva Biológica do
Tinguá? Porque a Petrobras ainda não plantou uma muda sequer daquelas que lhe
foram determinadas em 2006 para compensação ambiental do COMPERJ (Isso já faz
seis anos)? Porque a Petrobras insiste em transportar a carga pesada do COMPERJ
pelo interior da APA Guapimirim e da ESEC Guanabara? Quais as medidas adotadas
pela empresa para compensar os pescadores artesanais da Baía de Guanabara pela
criação de diversas áreas de exclusão da pesca nos últimos anos, em razão da
ampliação dos dutos que cortam a Baía?
A empresa deveria vir a
público dar essas informações. A empresa é pública e o meio ambiente é um
direito difuso. Mas, ao contrário, vem fazer agressões!
O assessor da
presidência da BR Distribuidora, numa clara demonstração de truculência, afirma
que eu deveria ser processado! Eu penso que não, afinal vivemos num sistema
democrático e temos a garantia constitucional de opinião. Vou continuar me
manifestando por nosso direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e porque
a Petrobras é nossa!, mas essa galera que ocupa sua direção, não sei não!
O Problema é que os empreendedores e até alguns setores do Governo fazem seus cronogramas e orçamentos sem contar muito com a Legislação Ambiental e ai na hora de cumprir as Condicionates que possibilitam a atividade ocorrer com menos impacto eles "gritam"!
ResponderExcluir‘Os órgãos ambientais estão sofrendo uma pressão evidente da agenda desenvolvimentista’
ResponderExcluirBiólogo Breno Herrera, chefe da APA Guapimirim, relembra todo o processo que condicionou a instalação do Comperj a uma série de contrapartidas ambientais que, até o momento, foram sistematicamente ignoradas pela empresa
http://centrodeestudosambientais.wordpress.com/2012/08/01/os-orgaos-ambientais-estao-sofrendo-uma-pressao-evidente-da-agenda-desenvolvimentista/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+Ongcea+%28OngCea%29
Protesto fecha sedes da Petrobrás e do BNDES no centro do Rio
ResponderExcluirManifestantes criticavam os impactos socioambientais causados pelo Comperj e pela CSA
Quarta, 01 de Agosto de 2012, 19h06
Vinicius Neder, O Estado de S. Paulo
RIO - As sedes da Petrobrás e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na Avenida Chile, Centro do Rio, tiveram seus portões fechados na tarde desta quarta-feira, 1, por causa de protesto contra os impactos socioambientais causados pelo Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) e pela Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). Os manifestantes criticaram os prejuízos à pesca artesanal nas baías de Guanabara e de Sepetiba, no entorno das quais, respectivamente, situam-se os empreendimentos.
Representantes de pescadores artesanais e de movimentos sociais, além de militantes políticos, participaram do protesto. Segundo organizadores da manifestação, o Comperj diminuirá ainda mais a quantidade de peixes na já poluída Baía de Guanabara. O empreendimento está previsto para começar a operar em abril de 2015, em Itaboraí, região metropolitana do Rio, com investimento estimado extraoficialmente em US$ 20 bilhões.
"A redução (de peixes) já vem acontecendo, mas será ainda maior com a implantação do Comperj", afirmou ao Estado o presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar (Ahomar), Alexandre Anderson.
O ato se seguiu a uma audiência pública na Câmara dos Vereadores do Rio, na Cinelândia, perto da Avenida Chile. O protesto também serviu de desagravo ao assassinato de representantes de pescadores ligados a Ahomar. Manifestantes e líderes dos pescadores responsabilizaram pelas mortes empresas ligadas a obras da Petrobrás para construir o Comperj.
"Estamos com medo que ocorram mais mortes", confirmou Anderson ao Estado, reclamando do ritmo das investigações por parte da Polícia Civil.
O presidente da Ahomar classificou a audiência pública como histórica, mas reclamou da falta de representantes do governo do Estado do Rio, da Petrobrás e do BNDES. Manifestantes também reclamaram do processo de pagamento de indenizações, por parte da Petrobrás, pelo vazamento de óleo na Baía de Guanabara, em 2000.
O BNDES não comentou especificamente o financiamento ao Comperj e os impactos socioambientais do empreendimento, mas esclareceu, em nota, "que as aprovações para financiamento a projetos de investimentos só são realizadas mediante a apresentação de todas as licenças ambientais".
Pescadores do Rio de Janeiro a caminho da extinção
ResponderExcluirA pesca esteve normal até 2000. “Não permitia uma vida maravilhosa, mas digna”[...] Em janeiro de 2000, de um oleoduto construído entre uma refinaria e um porto da região vazaram 1,3 milhão de litros de petróleo, contaminando cerca de 50 quilômetros quadrados, equivalentes a 12% da superfície da baía, incluindo mangues, ilhas e praias.[...] A vida aquática não se recuperou desse golpe.
http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/pescadores-do-rio-de-janeiro-a-caminho-da-extincao/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje
As ações dos homens, na maioria das vezes, são boas, mas as razões de realizá-las raramente são.
ResponderExcluirNeste nosso país temos ainda muito a aprender, vemos apenas a superfície das engrenagens, desta forma agimos em nosso cotidiano política. Porem percebemos que temos tudo e um nada e a maior versão de prepotência e exclusão, uma educação que se fere em não agregar e ganhamos onde os outros vem derrotas e perdemos onde a maioria se beneficia estamos na era da maior agressão ao humano. Homem urbano, cai em uma armadilha a cada minuto e ficamos em um palco de espectador. Vivemos de expectativas, trabalhamos sequencialmente e desfrutamos obrigatoriamente. Desta forma torno a oposição ao modelo, despertando para a grande conquista da vida. Terra!
ResponderExcluirRodolfo Abreu.
Via Carlos Henrique Painel(Facebook)
ResponderExcluirSexta feira começa bem ruim. Alexandre Anderson, líder dos pescadores de Magé e presidente da AHOMAR, sofreu mais um atentado contra sua vida e teve que deixar o estado. Isso logo após uma audiência na Câmara dos Vereadores para discutir a situação da pesca e decidir que apesar das ameaças de morte, continuarão lutando. Até quando pescadores artesanais serão vítimas? E os outros pescadores que não possuem escolta policial como o Alexandre? Somos todos pescadores! Somos todos AHOMAR!!!!
Comperj: Licença para contaminar
ResponderExcluir“Resultado? Biodiversidade marinha perdida. Estoque pesqueiro? Perdeu. Pescador artesanal? Perdeu. Movimento ambientalista? Perdeu. Biodiversidade e Diversidade Cultural em total risco de extinção!”[...] Aguarde o dia em que você também vai ouvir: – Perdeu, Carlos Minc. Perdeu! Disque MINC para degradar! Disque MINC para poluir!
http://www.ecodebate.com.br/2012/08/03/comperj-licenca-para-contaminar-por-laura-franca/
MP: reflorestamento do Comperj ainda está no papel
ResponderExcluirO procurador da República Lauro Coelho Júnior manifestou ontem, em audiência pública, preocupação com a morosidade da Petrobras no cumprimento de suas obrigações no processo de licenciamento do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí. Em referência à condicionante que determina o reflorestamento de 4.500 hectares, o procurador disse que depois de quatro anos nenhuma muda foi plantada. Na sessão, o chefe da APA Guapimirim, Breno Herrera, criticou a possível transformação do Rio Guaxindiba em hidrovia para o transporte de equipamentos do Comperj. A proposta está sendo analisada pelo ICMBio. O procurador afirmou que esta autorização, caso seja concedida, será ilegal por ferir a inviolabilidade da APA, prevista na licença - O Globo, 7/8, Rio, p.16.