quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Consórcio surpreende e arremata licitação para a implantação do Complexo Paineiras

Um Consórcio formado pelas empresas ESFECO - Estrada de Ferro Corcovado, BEL TOUR Turismo e Transporte, e a Cataratas do Iguaçu S/A, arrematou, na data de hoje (15/02/2012), a licitação feita pelo ICMBio/MMA para a implementação do Complexo Paineiras, no Parque Nacional da Tijuca. A apresentação de uma proposta pelo Consórcio criado surpreendeu a todos, já que a expectativa era de que as empresas apresentassem propostas individuais.


As três empresas possuem larga experiência na operação de serviços em parques nacionais. A ESFECO opera o Trem do Corcovado - que conduz os visitantes por trilhos a partir da Estação do Cosme Velho, enquanto que a Bel Tour opera o acesso ao Corcovado pela Estrada das Paineiras - controlando a venda de ingressos e o transporte dos visitantes por vans no interior da Estrada do Corcovado. As duas, portanto, já possuem concessões para serviços no Parque Nacional da Tijuca. A grande novidade é a participação da Cataratas do Iguaçu, que até então opera serviços turísticos apenas no Parque Nacional do Iguaçu.  



A fachada atual do Hotel Paineiras, com as marcas de mais de 20 anos de abandono.


Concessão pode passar dos 20 anos

O edital do ICMBio, lançado em 29 de dezembro de 2011, prevê no pacote de concessão a exploração dos serviços de transportes de turistas pelas Estradas das Paineiras e Corcovado, de cobrança de ingressos, de estacionamento de veículos, além das atividades de atendimento aos visitantes, realização de eventos e o comércio de alimentos e produtos variados no interior do Hotel Paineiras.

Ao contrário do primeiro edital, para o qual não se apresentaram candidatos, não estão previstas atividades de hotelaria, tendo em vista as dificuldades relacionadas à localização das instalações e sua viabilidade econômica. Porém, o projeto inclui o funcionamento de restaurante panorâmico, cafeteria, lojas e serviços turísticos, além de prever a instalação de infraestrutura para a realização de convenções, congressos e outras atividades do gênero.

O edital prevê o investimento, pelos concessionários, de recursos na ordem de R$ 43 milhões, com a contrapartida de uma concessão para exploração dos serviços por 20 anos. Porém, segundo fonte ligada ao consórcio formado, a previsão de custos para a implementação completa do Complexo Paineiras já está em torno de R$ 51 milhões. De acordo com a fonte, o consórcio irá propor a extensão do prazo de exploração para equalizar os investimentos que serão feitos.


Projeto arquitetônico já está aprovado 


Vista frontal do projeto aprovado no Concurso de Projetos para o Complexo Paineiras, realizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB com o ICMBio

O projeto arquitetônico no Complexo Paineiras foi aprovado em Concurso Nacional de Projetos, realizado em parceria entre o Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/RJ e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio/MMA, no ano de 2009.

O projeto vencedor foi elaborado pelo Estúdio América, de São Paulo. Na ocasião, foram mais de 80 projetos inscritos.

Veja mais informações sobre o projeto em: http://concursosdeprojeto.org/2009/09/30/concurso-hotel-paineiras-premiado-01/


Vista aérea do projeto vencedor, incuindo as edificações existentes e as intervenções que irão integrar a visitação no Corcovado e nas Paineiras

Operação Iscariotes

As mudanças previstas para a revitalização do Hotel Paineiras estabelecem um modelo integrado de atendimento aos visitantes - que na alta temporada chegam a 10 mil por dia. Além da oferta de serviços variados, como restaurantes, cafeterias, banheiros e lojas, a implantação do complexo prevê a construção de estacionamento e o ordenamento da circulação de veículos, a fim de melhorar a circulação no local, que não possui capacidade de suporte para a quantidade de pessoas que querem visitar o Corcovado nas altas temporadas.

Mas essas mudanças só foram possíveis, em razão da realização da Operação Iscariotes, entre a Polícia Federal e o IBAMA, em 2007, quando o parque ainda era gerido pelo IBAMA, na ocasião em que eu estava à frente da Superintendência Estadual.

À época, uma quadrilha formada por policiais militares, vigilantes e bilheteiros contratados pelo IBAMA desviava recursos da venda de ingressos, na ordem de aproximadamente R$ 5 milhões/ano. A operação, que envolveu a infiltração de agentes federais no IBAMA e a quebra de sigilos do envolvidos - com autorização judicial, resultou na prisão de 22 pessoas, sendo 7 policiais militares - que foram demitidos da corporação, além de 7 vigilantes, 6 bilheteiros e dois empresários do setor de transporte de turistas.

Além dos desvios de recursos, a quadrilha ainda comandava a desordem interna na Estrada do Corcovado, onde turistas eram extorquidos por flanelinhas que dominavam a área e promoviam desmatamentos para a oferta de vagas para carros.

Após a prisão dos envolvidos, o Corcovado ficou ocupado por agentes da Forna Nacional de Segurança e de várias unidades de conservação federais por cerca de 90 dias. Na sequência, foi licitado o novo sistema de acesso, que impediu a entrada de veículos particulares na Estrada do Corcovado, implantando um modelo de circulação por vans caracterizadas com a logomarca do parque e o controle eletrônico dos acessos - evitando as chances de desvio que existiam no sistema anterior.

Veja matéria do Jornal do SBT sobre a operação:  http://rogeriorocco.com.br/tv-rocco/rogerio-rocco-no-sbt-rio-10-05-2007/


Prefeito Eduardo Paes quer ônibus no Corcovado

O Prefeito Eduardo Paes quer implantar acesso de ônibus ao Corcovado, com saída do Largo do Machado. Entretanto, técnicos do parque Nacional da Tijuca afirmam que a proposta é tecnicamente inviável.

O projeto do prefeito inclui a concessão de uma linha para empresas que operam na zona sul da cidade, mas, de acordo com a proposta, não haveria mais a circulação de carros particulares pela estrada das Paineiras. Com isso, mesmo os cariocas que têm por hábito o passeio pelas Paineiras, teriam que pegar o ônibus para chegar ao local.

Mas os valores calculados pela Prefeitura para o preço das passagens assustam. Para o turista que tenha como objetivo visitar o monumento, a passagem custaria cerca de R$ 45, incluído o valor do ingresso. Já para os cariocas que frequentam as Paineiras, o valor da passagem giraria em torno de R$ 20 - o que poderia significar o maior valor de passagem por quilômetro percorrido, aproxomando-se muito do valor aplicado aos táxis da cidade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Grilagem, perseguição e injustiça na Amazônia! Um relato real de um Brasil ainda a ser descoberto.

O texto abaixo é do jornalista Lúcio Flávio Pinto, de Belém, e denuncia o conluio dos poderes constituídos do Pará para beneficiar grileiros da alta sociedade! É um relato que merece sua leitura, pois traz o registro do sofrimento e da penúria em que vivem os que se colocam contra os vigaristas que se locupletam das estruturas do Estado em nome da devastação ambiental, da tirania política e da usurpação do patrimônio público!
Minha solidariedade a Lúcio Flávio Pinto!


O Grileiro vencerá?
          Como já é do conhecimento público, em 1999 escrevi uma matéria no meuJornal Pessoal denunciando a grilagem de terras praticada pelo empresário Cecílio do Rego Almeida, dono da Construtora C. R. Almeida, uma das maiores empreiteiras do país, com sede em Curitiba, no Paraná. Embora nascido em Óbidos, no Pará, Cecílio se estabeleceu 40 anos antes no Paraná. Fez fortuna com o uso de métodos truculentos. Nada era obstáculo para a sua vontade.
         Sem qualquer inibição, ele recorreu a vários ardis para se apropriar de quase cinco milhões de hectares de terras no rico vale do rio Xingu, no Pará, onde ainda subsiste a maior floresta nativa do Estado, na margem direita do rio Amazonas, além de minérios e outros recursos naturais. Onde também está sendo construída a hidrelétrica de Belo Monte, para ser a maior do país e a terceira do mundo.
Os 5 milhões de hectares já constituem território bastante para abrigar um país, mas a ambição podia levar o empresário a se apossar de área ainda maior, de 7 milhões de hectares, o equivalente a 8% de todo o Pará, o segundo maior Estado da federação brasileira. Se fosse um Estado, a “Ceciliolândia” seria o 21º maior do Brasil.
         Em 1996, na condição de cidadão, atendi a um chamado do advogado Carlos Lamarão Corrêa, diretor do Departamento Jurídico do Iterpa (Instituto de Terras do Pará), e o ajudei a preparar uma ação de anulação e cancelamento dos registros das terras usurpadas por C. R. Almeida, com a cumplicidade da titular do cartório de registro de imóveis de Altamira e a ajuda de advogados inescrupulosos. A ação foi recebida pelo juiz da comarca, Torquato de Alencar, e feita a averbação da advertência de que aquelas terras não podiam ser comercializadas, por estarem sub-judice, passíveis de nulidade.
         Os herdeiros do grileiro podem continuar na posse e no usufruto da pilhagem, apesar da decisão, porque a grilagem recebeu decisão favorável dos desembargadores João Alberto Paiva e Maria do Céu Cabral Duarte, do Tribunal de Justiça do Estado. Deve-se salientar que essas foram as únicas decisões favoráveis ao grileiro nas instâncias oficiais, que reformaram a deliberação do juiz de Altamira.
         Com o acúmulo de informações sobre o estelionato fundiário, os órgãos públicos ligados à questão foram se manifestando e tomando iniciativas para evitar que o golpe se consumasse. A Polícia Federal comprovou a fraude e só não prendeu o empresário porque ele já tinha mais de 70 anos. O próprio poder judiciário estadual, que perdeu a jurisdição sobre o caso, deslocado para a competência da justiça federal, a partir daí, impulsionado pelo Ministério Público Federal, tomando rumo contrário ao pretendido pelo grileiro, interveio no cartório Moreira, de Altamira, e demitiu todos os serventuários que ali trabalhavam, inclusive a escrivã titular, Eugênia de Freitas, por justa causa.
         Carlos Lamarão, um repórter da revista Veja (que chegou a ser mantido em cárcere privado pelo empresário e ameaçado fisicamente) e o vereador Eduardo Modesto, de Altamira, processados na comarca de São Paulo por Cecílio Almeida, foram absolvidos pela justiça paulistana. O juiz observou que essas pessoas, ao invés de serem punidas, mereciam era homenagens por estarem defendendo o patrimônio público, ameaçado de passar ilicitamente para as mãos de um particular.
         De toda história, eu acabei sendo o único punido. A ação do empreiteiro contra mim, como as demais, foi proposta no foro de São Paulo. Seus advogados sabiam muito bem que a sede da ação era Belém, onde o Jornal Pessoal circula. Eles queriam deslocar a causa por saberem das minhas dificuldades para manter um representante na capital paulista. A juíza que recebeu o processo, a meu pedido, desaforou a ação para Belém, como tinha que ser. Hoje, revendo o que passei nestes 11 anos de jurisdição da justiça do Pará, tenho que lamentar a mala suerte de não ter ficado mesmo em São Paulo, com todas as dificuldades que tivesse para acompanhar a tramitação do feito.
         A justiça de São Paulo foi muito mais atenta à defesa da verdade e da integridade de um bem público ameaçada por um autêntico “pirata fundiário”, do que a justiça do Pará, formada por homens públicos, que deviam zelar pela integridade do patrimônio do Estado contra os aventureiros inescrupulosos e vorazes. Esta expressão, “pirata fundiário”, C. R. Almeida considerou ofensiva à sua dignidade moral e as duas instâncias da justiça paraense sacramentaram como crime, passível de indenização, conforme pediu o controverso empreiteiro.
         Mesmo tendo provado tudo que afirmei na primeira matéria e nas que a seguiram, diante da gravidade do tema, fui condenado, graças a outro ardil, montado para que um juiz substituto, em interinidade de fim de semana, pela ausência circunstancial da titular da 1ª vara cível de Belém, sem as condições processuais para sentenciar uma ação de 400 páginas,
me condenasse a pagar ao grileiro indenização de 8 mil reais (em valores de então, a serem dramaticamente majorados até a execução da sentença), por ofensa moral.
         A sentença foi confirmada pelo tribunal, embora a ação tenha sido abandonada desde que Cecílio do Rego Almeida morreu, em agosto de 2008; mesmo que seus sucessores ou herdeiros não se tenham habilitado; mesmo que o advogado, que continuou a atuar nos autos, não dispusesse de um novo contrato para legalizar sua função; mesmo que o tribunal, várias vezes alertado por mim sobre a deserção, tenha ignorado minhas petições; mesmo que, obrigado a extinguir a minha punibilidade, arquivando o processo, haja finalmente aberto prazo para a habilitação da parte ativa, que ganhou novo prazo depois de perder o primeiro; mesmo que a relatora, confrontada com a argüição da sua suspeição, que suscitei, diante de sua gravosa parcialidade, tenha simplesmente dado um “embargo de gaveta” ao pedido, que lhe incumbia responder de imediato, aceitando-o ou o rejeitando, suspendendo o processo e afastando-se da causa; mesmo que tudo que aleguei ou requeri tenha sido negado, para, ao final, a condenação ser confirmada, num escabroso crime político perpetrado pela maioria dos desembargadores do Tribunal de Justiça do Pará que atuaram no meu caso, certamente inconformados com críticas e denúncias que tenho feito sobre o TJE nos últimos anos, nenhuma delas desmentida, a maioria delas também completamente ignorada pelos magistrados citados nos artigos. Ao invés de cumprir as obrigações de sua função pública, eles preferem apostar na omissão e na desmemoria da população. E no acerto de contas com o jornalista incômodo.
         Depois de enfrentar todas as dificuldades possíveis, meus recursos finalmente subiram a Brasília em dezembro do ano passado. O recurso especial seguiu para o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Ari Pargendler, graças ao agravo de instrumento que impetrei (o Tribunal do Pará rejeitou o primeiro agravo; sobre o segundo já nada mais podia fazer).
Mas o presidente do STJ, em despacho deste dia 7, disponibilizado no dia 10 e a ser publicado no Diário da Justiça do dia 13, negou seguimento ao recurso especial. Alegou erros formais na formação do agravo: “falta cópia do inteiro teor do acórdão recorrido, do inteiro teor do acórdão proferido nos embargos de declaração e do comprovante do pagamento das custas do recurso especial e do porte de retorno e remessa dos autos”.
         Recentemente, a justiça brasileira impôs novas regras para o recebimento de agravos, exigindo dos recorrentes muita atenção na formação do instrumento, tantos são os documentos cobrados e as suas características. Podem funcionar como uma armadilha fatal, quando não são atendidas as normas formais do preparo.
         A falta de todos os documentos apontada pelo presidente do STJ me causou enorme surpresa. Participei pessoalmente da reunião dos documentos e do pagamento das despesas necessárias, junto com minha advogada, que é também minha prima e atua na questão gratuitamente (ou pró-bono, como preferem os profissionais). Não tenho dinheiro para sustentar uma representação desse porte. Muito menos para arcar com a indenização que me foi imputada, mais uma, na sucessão de processos abertos contra mim pelos que, sendo poderosos, pretendem me calar, por incomodá-los ou prejudicar seus interesses, frequentemente alimentados pelo saque ao patrimônio público.
         Desde 1992 já fui processado 33 vezes. Nenhum dos autores dessas ações teve interesse em me mandar uma carta, no exercício de seu legítimo direito de defesa. OJornal Pessoal publica todas as cartas que lhe são enviadas, mesmo as ofensivas, na íntegra. Também não publicaram matérias contestando as minhas ou, por qualquer via, estabelecendo um debate público, por serem públicos todos os temas por mim abordados. Foram diretamente à justiça, certos de contarem com a cumplicidade daquele tipo de toga que a valente ministra Eliana Calmon, Corregedora Nacional de Justiça, disse esconderem bandidos, para me atar a essa rocha de suplícios, que, às vezes, me faz sentir no papel de um Prometeu amazônico.
         Não por coincidência, fui processado pelos desembargadores João Alberto Paiva e Maria do Céu Duarte, o primeiro tendo como seu advogado um ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, à frente de uma das mais conceituadas bancas jurídicas do Distrito Federal. O ex-ministro José Eduardo Alckmin, que também advogava para a C. R. Almeida, veio a Belém para participar de uma audiência que durou cinco minutos. Mas impressionou pela sua presença.
         O madeireiro Wandeir dos Reis Costa também me processou. Ele funcionou como fiel depositário de milhares de árvores extraídas ilegalmente da Terra do Meio, que o Ibama apreendeu em Altamira. Embora se declarasse pobre, ele se ofereceu para serrar, embalar e estocar a madeira enquanto não fosse decidido o seu destino. Destino, aliás, antecipado pelo extravio de toras mantidas em confinamento no próprio rio Xingu. Uma sórdida história de mais um ato de pirataria aos recursos naturais da Amazônia, bem disfarçado.
         Apesar de todas essas ações e do martírio que elas criaram na minha vida nestes últimos 20 anos, mantenho meu compromisso com a verdade, com o interesse público e com uma melhor sorte para a querida Amazônia, onde nasci. Não gostaria que meus filhos e netos (e todos os filhos e netos do Brasil) se deparassem com espetáculos tão degradantes, como ver milhares de toras de madeira de lei, incluindo o mogno, ameaçado de ser extinto nas florestas nativas amazônicas, nas quais era abundante, sendo arrastadas em jangadas pelos rios por piratas fundiários, como o extinto Cecílio do Rego Almeida. Depois de ter sofrido todo tipo de violência, inclusive a agressão física, sei o que me espera. Mas não desistirei de fazer aquilo que me compete: jornalismo. Algo que os poderes, sobretudo o judiciário do Pará, querem ver extinto, se não puder ser domesticado conforme os interesses dos donos da voz pública.
         Vamos tentar examinar o processo e recorrer, sabendo das nossas dificuldades para funcionar na justiça superior de Brasília, onde, como regra, minhas causas sempre foram vencedoras até aqui, mesmo sem representação legal junto aos tribunais do Distrito Federal.
         Decidi escrever esta nota não para pressionar alguém nem para extrapolar dos meus direitos. Decisão judicial cumpre-se ou dela se recorre. Se tantos erros formais foram realmente cometidos no preparo do agravo, o que me surpreendeu e chocou, paciência: vou pagar por um erro que impedirá o julgador de apreciar todo meu extenso e profundo direito, demonstrado à exaustão nas centenas de páginas dos autos do processo. Terei que ir atrás da solidariedade dos meus leitores e dos que me apoiam para enfrentar mais um momento difícil na minha carreira de jornalista, com quase meio século de duração. Espero contar com a atenção das pessoas que ainda não desistiram de se empenhar por um país decente.

                              Belém (PA), 11 de fevereiro de 2012

                                      LÚCIO FLÁVIO PINTO
                                        Editor do Jornal Pessoal

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Cai o Superintendente do IBAMA-RJ

Foi publicada nesta segunda feira (06/02) a exoneração do Superintendente do IBAMA-RJ, Adilson Pinto Gil.
Analista Ambiental do IBAMA, Pinto Gil teve uma gestão considerada desestruturante para o órgão no estado. Durante sua gestão, foram poucas e irrelevantes as ações do IBAMA no Rio - que praticamente desapareceu do cenário ambiental e do noticiário.
Internamente, o ex-Superintendente perdeu apoio dos servidores e passou a enfrentar resistências de inúmeros setores do órgão.

O Caso Chevron foi fatal
Em Brasília, afirmam que o Caso Chevron teria peso relevante na decisão da exoneração.
Conforme denunciado exclusivamente aqui neste blog, a atuação do IBAMA-RJ no caso teria revelado despreparo e confusão nos processos administrativos conduzidos para a responsabilização da Chevron no vazamento de óleo ocorrido na Bacia de Campos, em 2011. A petroleira foi autuada duas vezes, com multas de R$ 50 milhões e de R$ 10 milhões, sendo que até hoje não foi autuada por causar poluição no mar, mas apenas por operar em desacordo com as normas da Lei do Óleo.
Outra questão relevante foi o fato do superintendente ter sido orientado pela Procuradoria Federal Especializada - PFE do IBAMA a cancelar o auto de infração aplicado - com a imediata aplicação de outra multa, tendo em vista inúmeros vícios praticados no procedimento, que permitiriam a fácil derrubada do auto pela petroleira. Entretanto, o ex-superintendente preferiu ignorar o parecer jurídico e prosseguir com um procedimento temerário. O ocorrido revelou publicamente as divergências que constantemente ocorriam entre o ex-superintendente e a PFE do IBAMA.

Pinto Gil vai para o INEA
Fontes da Superintendência do IBAMA-RJ afirmam que o ex-superintendente recebeu ligação do Secretário Estadual do Ambiente, Carlos Minc, dois dias antes da publicação de sua exoneração. No telefonema, o Secretário teria afirmado que a exoneração foi decidida pelo Presidente do IBAMA, Curt Trennempol, e pela Ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, sem sua concordância. Como Pinto Gil foi nomeado superintendente do órgão na gestão de Minc à frente do Ministério, o Secretário já acertou sua remoção para o Instituto Estadul do Ambiente - INEA.
Por conta da forma como administrou o órgão no Rio, Pinto Gil não é bem quisto pelos servidores da casa. E esse seria o principal motivo de sua transferência para o INEA.

Silvania Medeiros é a nova Superintendente
Além de Pinto Gil, também deixaram o IBAMA-RJ a Procuradora Federal, Dra. Bianca Barbosa Martins, que exercia a chefia da Procuradoria Federal Especializada, e a Procuradora Federal Antoinete Lacerda, também da PFE. Rumores apontam para uma baixa ainda maior, que incluiria a chafia da fiscalização, da divisão técnica e do Centro de Triagem de Animais Silvestres - CETAS. Vale ressaltar que está em curso o fechamento dos escritórios regionais da Cabo Frio e de Friburgo, esvaziando a atuação do órgão federal no Rio de Janeiro.
A Analista Ambiental Silvania Medeiros, que se encontrava lotada na Administração Central do IBAMA, em Brasília, é a nova Superintendente do IBAMA-RJ. Antiga servidora do órgão, Silvania exerceu a chefia substituta da fiscalização durante minha gestão à frente da Superintendência, quando o IBAMA-RJ promoveu importantes ações contra os crimes ambientais em curso no estado do Rio de Janeiro.
A nova Superintendente assume o desafio de reorganizar a gestão do IBAMA-RJ que, além de desestruturado, encontra-se em grave situação de ostracismo, com servidores desestimulados e descontentes com a supressão das competências do instituto.
Além disso, assume o ônus de julgar o recurso apresentado pela Chevron contra a multa de R$ 50 milhões, haja vista que, mesmo passado o prazo legal para julgamento, ainda não tinha sido decidido pelo servidor exonerado.
Faço aqui meus votos para que seja bem sucedida!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Medalha Pedro Ernesto para Vitor Suarez Cunha



O estudante de desenho industrial Vitor Suarez Cunha foi violentamente espancado ao defender um mendigo que sofria agressões de um grupo de..., como classificá-los?, vermes humanos!

Ele podia ter agido como a maioria da sociedade e pensado: "Ah, não sou eu que vou lá fazer alguma coisa", "Ah, não é comigo, vou ligar para 190", ou ainda, "Não vou me arriscar, é só um mendigo"...

Se houvesse um outro Vitor Suarez em Brasília, no ano de 1997, quando jovens - filhos do poder, atearam fogo no índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, talvez o índio ainda estivesse vivo. O caso do pataxó ganhou destaque porque, ao contrário do que pensavam os assassinos, não era mendigo, mas um índio e na Semana do Índio, em Brasília!!!

O Vitor representa um herói anônimo que todos nós gostaríamos de ser ou, no mínimo, sonhamos em encontrar pelos caminhos. Ele mostra as consequências em sair da acomodadora covardia que nos cala no dia a dia, mas nos faz encher o peito de orgulho em dizer "valeu, Vitor, nós te agradecemos, nós te admiramos".
Reproduzi a foto que achei no FB com uma frase que não sei se realmente é dele, porque não achei o perfil dele no FB. Mas se encaixa bem.

Nas notícias de hoje (dia 07 de fevereiro), somos informados que a Polícia está agindo rápido e já prendeu 4 dos 5 agressores. Isso nos faz crer no Estado e na Justiça, apesar de termos vários exemplos contrários.
Mas eu penso que o Vitor deva ser declarado oficialmente como herói da Cidade do Rio de Janeiro. Nós precisamos dos heróis, precisamos crer que há gente andando pelas ruas que se importa com a gente, que se importa com os desconhecidos, que se importa até com um mendigo (!!!). À parte desse mundo fútil e inútil que a mídia nos enfia goela abaixo, com BBBs, Mulheres Ricas e Luiza do Canadá, temos Vítores e Vitórias para celebrar.

A vida segue. Todos nós temos ido e voltado... fomos ao trabalho, fomos à escola, fomos às baladas, menos o Vitor - que está na CTI.

Mas mando aqui minha sugestão aos Vereadores da Bancada do PV/RJ (Paulo Messina, Dr. Edison da Creatinina e Sônia Rabello): apresentem projeto conjunto para a concessão da Medalha Pedro Ernesto para o Vitor Suarez Cunha! Vamos lotar as galerias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e fazer a mais bela homenagem ao novo herói da Cidade.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cenários para a Oposição nas eleições 2012

As notícias veiculadas sobre as eleições municipais de 2012 no Rio de Janeiro têm procurado induzir à crença de que os resultados eleitorais já são favas contadas! Segundo esse raciocínio, o Prefeito Eduardo Paes ainda teria grandes chances de vitória já no primeiro turno.
Mas há quem conteste com dados colhidos em pesquisas de opinião e em análises que contextualizam as disputas recentes na Cidade do Rio. Colhi a seguinte informação no site Diário de Rio:
“Em um dos cenários, que inclui o nome de Marcelo Crivella (PRB) que não vem candidato, o atual prefeito tem 36% das intenções de voto, Crivella com 18%,Marcelo Freixo (PSol) 7%, Rodrigo Maia (DEM) 3% eOtávio Leite (PSDB) 2%. Do total, 22% votam nulo ou em branco, enquanto 12% ainda estão indecisos. Sem Crivella Paes teria 43%, Freixo 9%, Maia 5% e Leite com 2%. Neste caso o número de votos em  branco e nulo chegariam a 25%, e os indecisos 15%.” (WWW.diariodorio.com)
No cenário acima o PV sequer está incluso. Mas no Blog do Garotinho foi divulgada pesquisa que traz o nome de Fernando Gabeira (PV):
“Na semana passada recebi uma pesquisa, onde diferente dos 36% divulgados pelo IBOPE, confrontado com Cesar Maia e Gabeira, o prefeito Eduardo Paes aparece com 25%. Na mesma pesquisa Gabeira aparece com 20%, Cesar Maia com 17% e Marcelo Freixo com 12%. Este cenário aponta para um inevitável 2º turno, o que dificultaria em muito a movimentação do PMDB no estado, que teria que se preocupar com a capital, sua principal prefeitura no estado. Além disso, forçaria um debate, sobre a blindagem feita em torno de Cabral e Paes com os milhões que gastam na mídia. Essa é a minha opinião, não quer dizer que prevaleça.” (WWW.blogdogarotinho.com.br)

Porém, até que se confirmem as atuais tendências em suas respectivas convenções, em Junho próximo, Gabeira e Cesar Maia não serão candidatos a prefeito da Cidade – o que fortaleceria a posição de Eduardo Paes nas pesquisas.
A deputada Clarissa Garotinho (PR) e o deputado Rodrigo Maia (DEM) estão se apresentando como oposição à atual gestão municipal, mas uma é filha do ex-Governador e o outro é filho do ex-Prefeito – não representando nada próximo do que poderíamos chamar de novidade. As gestões dos familiares já foram vivenciadas e avaliadas.
Num campo de oposição mais legítima aos atuais governos estadual e municipal, temos o Partido Verde e o PSOL, que estão se preparando para apresentar seus programas e propostas para a Cidade do Rio de Janeiro nas eleições de 2012 – quando também acontece na cidade a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, chamada também de RIO+20 por ocorrer exatos vinte anos depois da RIO92.
Com a intenção de promover uma análise sobre as eleições de 2012 na Cidade do Rio de Janeiro, sob a ótica de uma oposição crítica e desvinculada das máquinas políticas tradicionais, o Núcleo de Ecologia Social do Partido Verde/RJ está realizando a Mesa Redonda “Cenários para a Oposição nas Eleições 2012”, que acontecerá na próxima quarta-feira, dia 08 de fevereiro, a partir das 18:30hs, no Teatro João Theotônio – Universidade Cândido Mendes (Rua da Assembléia, 10 – subsolo).
Participarão da mesa o Magnífico Reitor Cândido Mendes, o Jornalista Fernando Gabeira, a Deputada Estadual Aspásia Camargo (PV), o Presidente Municipal do PV/RJ – José Augusto Silveira, o Deputado Estadual Marcelo Freixo (PSOL) e o Cientista Político Geraldo Tadeu Monteiro. Terei a honra de mediar a mesa com esses ilustres personagens da política carioca.
Se você ainda não se ligou nas eleições deste ano, essa é a melhor oportunidade de aquecimento.