terça-feira, 31 de outubro de 2017

Adeus, Maracy Guimarães!


Não é pra falar de culpa, mas confesso que ela se abateu sobre mim quando recebi a notícia de que minha amiga querida se foi na madrugada desse domingo. Que vida é essa em que não temos mais o tempo livre pra estar com nossos amigos como gostaríamos de estar?

Não consigo pensar em escrever algo sem me vir à mente a bela música de Ana Vilela:

"Não é sobre ter
Todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar
Alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar 
Mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida
Que cai sobre nós"

Não via Maracy há pelo menos uns dois anos. Praticamente estávamos na mesma cidade, eu em Niterói, ela no Rio. Em Maria da Graça.

Maracy tinha graça, tinha amor, tinha alegria! E por trás de tanta doçura, era uma Mulher guerreira, lutadora, trabalhadora! Professora da FACHA, era amada por seus alunos. Mãe da Helena, criou a filha sozinha que, aos 17 anos, lhe deu um neto - que nem completou ainda um ano de vida. E que, portanto, eu nem cheguei a conhecer!

Eu sei que todos partiremos um dia e acredito que vamos para um outro plano espiritual. Penso que ela tenha então partido para essa outra dimensão e que tenha tido uma passagem tranquila, num caminho de luz e que olhe por nós e nos espere com sua alegria marcante. Mas dói, nos traz às lágrimas pelo que poderíamos ainda viver aqui, pelos risos que ainda não demos, pelos caminhos que ainda não trilhamos, pelas famílias que formamos, pelos sonhos que sonhamos...


Nossos encontros eram sempre em festa, em grupo, entre risos, gargalhadas, cantorias... eram de alegria!

Estamos de luto pela partida de nossa amiga amada. Pude visitá-la no hospital na semana passada. Brinquei dizendo que ela sairia bem e que tomaríamos um porre pra comemorar. Eu disse pra mim, não falei pra ela. Tinham várias pessoas juntas tratando de assuntos que a preocupavam. Coisas banais como pagar contas de casa, as contas do hospital. E eu não quis falar bobagens. Mas devia ter falado. São as bobagens que nos fazem mais humanos e não as contas. Eu falei pra mim. Devia ter falado pra ela...

Maracy lutou até seus últimos suspiros. Não queria partir, mas as forças se esvaíram. Foi ainda muito nova e deixou um vazio em nossas vidas. Hoje iremos velar seu corpo e nos despedir, fazendo orações, rezas ou quaisquer outras formas de diálogo com o sagrado para que ela fique bem, para que desencarne da vida material e tome o rumo da Luz!

Mas não quero registrar apenas a tristeza da perda, da partida de uma pessoa querida. A dor é parte do processo de passagem, mas na memória ficarão os momentos que vivemos, que estivemos juntos. Por mais que estejam distantes, eles nos deixaram marcas do que realmente vale a pena - que é viver a alegria da amizade, do amor, da cumplicidade, da festa, da celebração. E nós tivemos muitos momentos assim, que eu registro em algumas imagens que estão eternizadas entre nós.

                                           Camila, Maracy, Mutley e Dango!

     Julinho, eu, Maracy, Denise e Painel na banheira de mármore preto da casa do Cosme Velho

Nos divertíamos brincando de fazer fotos, de tocar e cantar músicas, de usar chapéus e roupas diferentes, com nossas gatinhas no apartamento que eu dividia com a Denise e o Julinho, no Cosme Velho, onde fizemos festas memoráveis!

      
                                                    
                                            
Acho que nosso último encontro festivo foi na casa que dividi com Painel e Teresa na Tijuca. Outro lugar de festas memoráveis, de amizades compartilhadas, de danças e cantorias, de sessões de cinema. E lá estava ela, com sua Helena!

                                                               Em cores, com Helena

                          Preto no branco: eu de costas, Painel, Teresa, Maracy e Helena

O Painel lembrou que rimos muito nesse dia, porque ao receber uma ligação por engano, acabei tendo um diálogo psicodélico com uma desconhecida - doida de pedra. Fizemos o que sempre fazíamos: ríamos da vida, ríamos de alegria, ríamos de felicidade.

Mas hoje é dia de choros, de abraços, de peitos apertados para a despedida de nossa amiga. 

Deixo meu adeus para a Maracy! E finalizo pegando emprestado novamente o poema musicado da Ana Vilela, porque a vida é trem-bala, parceiro:

"Segura teu filho no colo
Sorria e abrace teus pais
Enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir"




8 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigado, Ana!
      Nada melhor que pensar nas dádivas da vida quando temos as confirmações de que ela é curta!
      Acho que a alegria é a memória que Maracy gostaria que tivéssemos dela.
      Um beijo,

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  2. A vida é uma festa. E nós fomos convidados!!! Nesse espírito festivo fomos levados por nossa querida Maracy até aqui. E assim guardaremos as mais doces memórias de muitos, muitos risos. Sempre!

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    1. É isso mesmo, Mary!
      Que após nosso luto por ela, tenhamos o ânimo de celebrar a festa da vida enquanto ainda estivermos nesse plano material.
      Os risos largos e francos são um dos legados de nossas amizades com Maracy!
      Beijos,

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  3. Não te conheço e já te adoro! Lindo seu texto. Mais blogs como o seu por favor!
    Um abraço apertado.

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  4. Olá, PK!
    Que delícia de mensagem!
    Gratidão pelo carinho!
    Não consigo manter uma rotina de publicações, mas sempre que posso passo por aqui pra deixar uma palavrinhas!
    Um forte abraço pra vc tb,

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