Fragmentos para uma avaliação
Obter 5 mil votos numa eleição
como a que tivemos é um resultado significativamente expressivo, ainda mais com
a relativa limitação de recursos financeiros. E como o nosso projeto é
conceitual, tem conteúdo e lastro político, cada voto foi uma aposta consciente
num projeto de Cidade. Tive votos de amigos, de alunos, de colegas de trabalho,
militantes das causas socioambientais, artistas, acadêmicos e de muitos outros
que não sei as origens. Valorizo e me regozijo por cada um deles! E não posso
deixar de agradecer pela confiança que em mim foi depositada por esses milhares
de pessoas.
A Campanha
Toda campanha tem erros e
acertos. E eles devem ser explicitados em avaliações que busquem interpretar os
acontecimentos para que, no mínimo, eles nos sirvam de aprendizado – que é dos
mais importantes resultados que devemos buscar em tudo na vida.
Nossa campanha adotou o lúdico
como estratégia de comunicação. Brincamos com os Roccões, pedalamos em bikes
estilizadas, fomos às alturas com pernas mecânicas e de pau. Fizemos festas,
cantamos, dançamos... Dançamos?
Optamos pelo papel reciclado,
pela comunicação virtual, pelo boca a boca, pelo corpo a corpo, os comícios
domésticos, os debates em escolas e universidades. Não espalhamos cavaletes
pelas ruas, não azucrinamos com carros de som aos berros, não jogamos “santinhos”
pelas áreas de votação... Dançamos?
Não! Nossa campanha foi bonita,
limpa e divertida! Apesar dos erros e contratempos, acredito que acertamos.
Como campanha, considero que fomos vitoriosos!
O Resultado
Obtive nestas eleições 4947 votos
e fiquei em quarto lugar entre os candidatos do Partido Verde. Os três que
ficaram à minha frente são exatamente os que têm mandato atualmente. Ou seja,
esse é um fator a ser considerado: fui o mais votado dentre os que não têm
mandato.
Por sua vez, os três vereadores
do PV dobraram suas votações anteriores: Paulo Messina foi de 5 mil para 10
mil, Sonia Rabelo foi de 3,5 mil para 7 mil e o Dr. Edison foi de 2,5 mil para
5 mil, sendo que o Messina assumiu seu mandato em 2009, enquanto os outros dois
– como suplentes – assumiram seus mandatos em fevereiro de 2011. Então, apesar
de ter eleito apenas o Messina, os dois outros vereadores conseguiram expandir
suas votações anteriores.
Não foi o meu caso!
Fui candidato a vereador pela
primeira vez em 1996, pelo PT. Com uma campanha sem nenhum recurso senão o
resultante de pequenas doações pessoais, tive 3,5 mil votos. Isso foi há 18
anos atrás!
Em 2010, fui candidato a deputado
estadual pelo PV. Foi uma campanha com alguns conflitos internos, afetada pela
falta de foco e com alguns graves erros estratégicos. Tive quase 10 mil votos,
sendo que da Cidade do Rio saí com 6004 votos!
Nessa campanha, nossa meta era
consolidar e ampliar essa votação. Focamos a campanha em algumas regiões da
cidade e definimos estratégias mais objetivas. O resultado da campanha, como
afirmei acima, eu considero vitorioso. Mas quanto ao resultado eleitoral, eu
considero que foi uma derrota!
A Voz Rouca das Ruas não foi a Voz Rouca das Urnas
Nossa votação, à parte da
qualidade dos votos, foi uma decepção para todos na campanha! E não tinha como
ser diferente.
Tivemos uma recepção maravilhosa
nas áreas que escolhemos como foco. Fomos saudados e recebemos dezenas de
declarações de apoio e de voto onde estivemos. Nas redes sociais eram cada vez
mais frequentes as declarações abertas de votos, tanto de amigos e alunos, como
de personalidades variadas das cenas cariocas. Tudo indicava um crescimento
virtuoso das intenções de voto e esse processo foi crescente com a aproximação
do dia da votação. Tanto que chegamos muito confiantes na apuração.
Com o resultado final, veio uma
tremenda apatia – ancorada na incompreensão do imenso descompasso entre o que
víamos nas ruas para o que vimos nas urnas.
Ao contrário do que alguns
afirmaram, não tivemos um crescimento no número de votos entre a eleição
passada e essa última. Pelo contrário, perdemos 1 mil votos de 2010 para 2012.
Esse é o resultado que nomino
como derrota. E esse é o resultado que ainda me intriga decifrar!
A Luta Continua
Estou descansando e tentando
interpretar esses fatos. Mas não estou abatido. A eleição é apenas uma das
trincheiras de nossas lutas. Seguimos em frente, sempre em frente!
Mas eu penso que devamos nos
mobilizar em torno de questões centrais e estratégicas nesses processos. O
resultado das eleições é um macro-sintoma do nosso sistema político.
Nessa campanha vi muita gente com
ódio da política, gente que pensa que é “apolítica”, gente que despreza a
política, gente que usa a política para vantagens pessoais e outros tipos de
gente que vocês sabem muito bem. Essa gente não quer votar! Mas como é
obrigatório, votam com ódio no coração. E é por isso que temos as
representações que temos nos legislativos.
Se temos livre arbítrio, se
vivemos numa verdadeira democracia e se somos cidadãos com plenitude, temos que
votar por consciência, não por obrigação! Se o cidadão é livre, seu voto também
tem que ser. Só o voto livre liberta a sociedade de gigolôs da política.
Mas não dá para esperar que os
beneficiários do voto obrigatório/autoritário sejam os responsáveis pela
mudança nas regras do jogo que eles sempre ganham. Será que não seria
importante uma mobilização da sociedade por um projeto de lei pelo Voto Livre?
Antes de pensar em outra
candidatura, me pergunto se essa não seria uma questão mais importante de ser
colocada na pauta das nossas preocupações.
O que você acha disso? Se tem
opinião, comente aqui embaixo!